domingo, 20 de dezembro de 2009

Faca de dois gumes

Como materializar
A anti-matéria?
Como fazer viver um peixe
No céu aberto?
Sem que a matéria suma,
Sem que o peixe morra?
Como guardar para si
A rosa mais bela
De um campo florido
Sem que ela seque?
Não quero separar
O céu da terra,
Mas o que fazer
Se o horizonte
Os meus olhos
Machuca?
Sou feliz por poder
Observar o céu estrelado,
As nuvens brancas
E, ao mesmo tempo,
Caminhar pela trilha dos
Tijolos amarelos.
Mas o que eu faço se
A pedra inerente a terra
Fere meu pé por olhar tanto para o azul?
Se o Sol queima meus olhos
Quando curto uma caminhada?
Será que o problema são meus olhos tão teimosos?
Esferas que só querem apontar para
Uma face de cada vez.
Amo a terra.
É dela que saem os frutos
Que me alimentam.
É ela que me segura em pé.
Também amo o céu.
É nele que deposito meus sonhos
Meus pensamentos mais profundos e sinceros
São suas estrelas que sempre
me abraçam.
Sei que ambos se amam,
Pois, apesar de tão opostos,
São tão próximos,
Estão encostados
Em todos lugares,
No horizonte.
Lugar este que os meus olhos
Perfuram, queimam, machucam.
Lugar que aquelas esferas
Deveriam apontar com um brilho,
E não com uma gota.
Pois é onde eles poderiam ver
Tanto o céu quanto a terra.
Poderiam se não criassem
Um pôr do Sol
Tão mais brilhante
Do que realmente é.
Mas ainda desejo que
O que estes olhos enxerguem
Seja um pôr do Sol cegante
E não uma tempestade
Ou um terremoto.
Porque isso seria sinônimo
Do fim do mundo.
Antes pés e olhos machucados
Que o mundo acabado,
Porque enquanto houver mundo
Haverá vários caminhos e varios céus
Para serem descobertos.

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